quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

O Poder e a Política Nas Organizações






Há uma tendência para interpretar a empresa em termos racionalísticos, mas muitos observadores já perceberam que as personalidades e a política exercem nela um papel decisivo. A empresa é uma estrutura política, ou seja, ela só funciona enquanto distribui autoridade (poder de mandar e influenciar) e enquanto é um palco para o exercício do poder. Isso explica por que pessoas altamente motivadas para buscar e usar o poder encontram nas
organizações um ambiente hospitaleiro e familiar.
A atração pelo poder começa na infância quando a criança, ao experimentar fome e outros desconfortos corporais, tem o seu medo primitivo de ser dominada por essas experiências mitigado pela presença materna. A experiência cíclica (fome, desconforto, mãe, segurança, novamente fome, etc.) constitui a base da confiança em si mesma e do que se chama de segurança ontológica. Isso lhe dá capacidade para suportar demoras cada vez maiores nesse ciclo. Os distúrbios psicológicos, o eu fragmentado, a ansiedade ocorrem quando, num ambiente turbulento, a privação é constante. O indivíduo procura peitar de diversos modos a ansiedade causada pela privação de segurança: os mecanismos de defesa: o bem descritos por Ana Freud, o recurso às drogas e ao álcool, as perversões sexuais, o uso do sexo como droga e o uso do poder como droga. O poder é para alguns um compensador de ansiedade ou um instrumento de identificação própria. Atribui-se a Kissinger a frase: “O poder é maior dos afrodisíacos”.
O poder é conseguido ou pela tomada do mesmo ou pela entrega passiva. O conformismo político debaixo do fascismo é um exemplo do uso do poder como droga.
As organizações são, pois, estruturas políticas que oferecem uma base de poder para as pessoas. A acumulação pessoal do poder se dá através do desenvolvimento da carreira e dos cargos aonde em cada nível vai sendo facilitada a afirmação dos interesses de uma pessoa sobre outras.
O fato de o poder ser escasso faz com que ele seja distribuídos ás custas dos outros. As formas de poder na empresa são a parcela de capital de giro que a área executiva absorve, a alocação dos investimentos, os produtos nobres, o número ou importância de pessoas subordinadas, o espaço territorial de cada domínio. Quanto mais se sobe na organização menos cargos existem e mais pessoas são forçadas para fora, ou seja, o poder pressupõe escassez e competição.
Quando uma pessoa é denominada superior de outras, ela passa a ser objeto de poder. Apesar de a nomeação vir de cima, a afirmação e o apoio vêm de baixo. Um superior representa um grupo de subordinados e portanto um grupo de interesses. Os subordinados confirmam e apóiam seu chefe ou podem retirar o apoio. O apoio representa um compromisso do superior, como na política partidária: “O que você fez por mim ultimamente?”. A única diferença entre a política de partido e a política de partido e a política organizacional é a sutileza do procedimento de votação.


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